Cada homem traz dentro de si sua tragédia sexual, afirma o diretor Djalma Thürler. E é nesse clima provocador, que a Cia Ateliê Voador – agora radicada em Salvador – apresenta pela primeira vez na capital baiana, o seu mais novo espetáculo: O Melhor do Homem, encenado pelos atores cariocas Duda Woyda e Gláucio Machado, que encarnam as personagens Dean e Skyler.
A estreia acontece no dia 27 de maio, no Teatro Martim Gonçalves, situado na Escola de Teatro da UFBA, no Canela; e fica em cartaz até 13 de junho, de quinta a domingo, sempre às 20h. A peça foi premiada pelo edital de montagem teatral Myriam Muniz do Fundo Nacional das Artes (Funarte) e expõe o início de uma nova pesquisa de Djalma sobre a identidade masculina.
“Man at his Best” chegou às minhas mãos por causa dos meus estudos de Pós-Doutorado e serviria como mais uma peça a ser lida e discutida, mas, muito rápido percebi que era ali que queria navegar, nessa, que foi a primeira gay-play brasileira quando estreou em 1995, conta o diretor, que também é ator e professor do IHAC – Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (UFBA).
O Melhor do Homem
O Melhor do Homem se passa em Manhattan, nos Estados Unidos, e fala da relação marginal, sexual, fascinante e excitante entre dois homens ex-presidiários. Apesar de se tratar de duas personagens que vivem um jogo homo-erótico, o diretor destaca que não se trata de homens afeminados, aspecto necessário para “discutir a construção de identidades”, diz o diretor.
Por esta abordagem, a peça pode ser comparada à novela de Annie Proulx, O Segredo de Brokeback Mountain, que é muito mais agressiva e violenta que o filme de Ang Lee. O Melhor do Homem também volta seus olhos para os losers da sociedade americana, para as margens “espaço possível para transgressões
e errâncias. É um duo outsider de corpos marcados pela masculinidade nos moldes hegemônicos e aborda as fragmentações pelas quais a sociedade pós-moderna e, especificamente, o individuo passa nesses últimos 30 anos. Dean e Skyler instigam a sociedade a compreender a sexualidade como fenômeno cultural e histórico.
Texto Original
O texto original foi escrito pela norte-americana Carlota Zimmerman, na época, com apenas 17 anos, e foi encenado por um grupo de jovens dramaturgos em Nova Iorque, obtendo grande sucesso de público e crítica. O espetáculo fala do amor passional e simbiótico, relação esta que, “como qualquer outra”, traz em si os germes da violência, do medo, da posse e da sujeição.
Elenco
O centro da peça são as personagens e, para que isso ocorresse, era necessária a presença forte de bons atores. Um deles é Duda Woyda, que veio do Rio de Janeiro. O outro é o professor da Escola de Teatro da UFBA, Gláucio Machado, também carioca, mas que mora em Salvador há oito anos. Os dois intérpretes já foram dirigidos por Djalma e foram escolhidos devido ao reconhecimento do excelente trabalho artístico deles.
Cenário
O cenário é assinado por ninguém menos que José Dias, um dos mais respeitados cenógrafos da TV e do teatro no Brasil. Dias é um parceiro antigo de Thürler. “Dias é um mestre, um professor e é um privilégio poder fazer esse trabalho com um dos maiores cenógrafos do país, vai ser legal pra todo mundo”, garante.
Ficha Técnica:
Texto: Carlota Zimmerman
Tradução e direção: Djalma Thürler
Elenco: Gláucio Machado e Duda Woyda
Cenário: José Dias
SERVIÇO:
Peça – O Melhor Do Homem
Tradução e direção: Djalma Thürler
Atores: Duda Woyda e Gláucio Machado
Local: Teatro Martim Gonçalves, Rua Araújo Pinho, s/n, Canela. Salvador – BA [Tel.: 71 3247-8162]
Temporada: De 27 de maio a 13 de junho; de quinta a domingo.
Horário: às 20h.
Ingressos: R$20 (vendas no local).
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